1. |
Corra, Não Ande!
01:51
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PRESTO!
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2. |
Armas Brancas
05:06
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A R M A S B R A N C A S
(Letra: Rodrigo Fróes)
Armas brancas, paixões brandas,
Cor e gesto são controversos
Rubra ira, guerra fria
Pairam sobre nós, ressentidas
Coisas cruas, incolores
Que ela abraça, caça, habita
E costura em nós um dano ou valor
Carne é viva nas feridas a pulsar sobre as batidas
Veias, vias crescem fortes sobre as ruas sem saída
Nós em ilhas, isolados,
Desatados por sentidos
Submersos, ostensivos
Que ancoram as armas nesses mesmos velhos nós
Diplomatas tem por fardas línguas bélicas, mas exatas;
No costume infiltrada,
Real arma branca:
A palavra.
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3. |
Balada da Tarde
04:11
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B A L A D A D A T A R D E
(Letra: Leonardo Leitão)
O sol tá quente e o céu, azul
Tanta gente e nenhum assunto
Ninguém percebe o atirador no telhado
Tarde perfeita pr'um assassinato
O asfalto preto ficou vermelho
E o ódio mortal virou o desespero
Ninguém percebe o corpo estirado
Numa tarde perfeita pr'um assassinato.
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4. |
Eu sou a Febre
04:38
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E U S O U A F E B R E
(Letra: Rodrigo Fróes)
Você vê o que me consome e teme todas as vezes
Que eu queimo para fora e de encontro às paredes
Se a temperatura minou a sanidade,
Eu vejo labareda feita só de vontade
Sendo eu quem me devora, regurgito-me inteiro
Com a força das entranhas que sorriem primeiro
Antes da pele, dentes e o que mais reluzia
Com um brilho e um pavor maior que o sol e o dia
Sou vírus que se espalha sem endereço certo
Nem por ar, tampouco toque, mas somente por verbo
O escrito e o falado e o jamais esquecido
O profano e o sagrado enfim reproduzidos.
Eu sou a febre.
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5. |
Dois Palmos
03:24
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D O I S P A L M O S
(Letra: Bernardo Canto)
Altas horas de baixa gente,
Compilação de interditos.
Inexplicáveis, confortáveis
Muralhas que cercam o seu império
Muralhas nocivas.
Do topo sadio repleto de neblina
Indicador de precipício
De lá se vê,
De lá se crê
Em algo:
Dois palmos de miséria.
Quando o horizonte some,
Entendo a sua fome.
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6. |
Não Há
03:32
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N Ã O H Á
(Letra: Bernardo Canto)
A foz ficou pra trás
E uma luz ensaia seu primeiro olhar
O idílio da sua mira pioneira
Ergueu o meu amor me falou
Sei, sei, sei você
Sei, sei, sei, sempre vou saber
Sei, sei que sem você não há como encontrar
Qualquer coisa que se queira achar
Aos microscópios dissemos adeus
E aos telescópios, boa sorte
Com fôlego estelar nos deflagramos
E daqui o resto é apenas paisagem
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7. |
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V O C Ê T E M Q U E E N T E N D E R , M U L H E R
(Letra: Maurício Ramos/Rodrigo Tomassini)
Assistir televisão, jogar meu futebol
Falar um palavrão e tomar uma cerveja
Gritar, falar bem alto sem ninguém para reclamar
Sair, dar uma volta de carro pra poder tirar um sarro.
Você tem que entender, mulher, que é isso que o povo quer.
Quer um pouco (mais) de compreensão, um pouco de concessão,
Quer um pouco de atenção.
Ouça com atenção!
Ver comédia pastelão com estilo idiota
(Mas você quer jantar fora e nem quer rachar a conta!)
Encontrar um velho amigo, ir na praia num dia de sol.
Tudo isso faz mais sentido ouvindo um bom rock n' roll!
Você tem que entender, mulher, que é isso que o povo quer.
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8. |
Oh, Edna
02:08
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(para de encher o saco e vai dar uma atenção à sua avó)
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9. |
Estamira
02:21
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(Ausente. Mas ecoa.)
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10. |
Agulhas
04:17
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A G U L H A S
(Letra: Rodrigo Fróes)
Ciente das agulhas e como vão queimar
Em grupos ou avulsas elas não vão penetrar
Sozinho sob a escama, sem fuga ou proteção,
Elas que me atravessem e atinjam este chão (só que eu não!)
Entre a cama e as marcas, num estéril jardim,
Eu broto entre pedras e antifloresço assim
Nem lebre nem serpente, mas plena exclusão
Marco minha presença promovendo esta implosão
E para me cavar sorrisos,
Enfaixa-me o rosto, abra-me pro espanto, trate-me melhor.
Semeie suas crenças pra bem longe daqui
Minha religião é o Cristo torto de Dalí
Não vejo meu futuro no credo em batalhar
Enquanto elas perfuram, eu só sei não ter lugar
Desejo as belezas com asco e distância
Esgarço como posso o que já se construiu
O que move este mundo são alegrias vis
Novos sorrisos velhos desbotando o seu verniz
Não venha me consolar.
Entendi o mundo no dia em que batizei um cachorro.
Nem alvo, nem a flecha, nem amante, nem suicida
Mas tolo irracional apaixonado pela vida
Mesmo prostrado aqui entre o nada e o ser,
Minha razão escolhe se prender ao que é meu
Não vejo a quê me integrar.
Sou apenas rochas rasgando este seu melhor esforço.
Ciente destas marcas e como vão queimar
Em grupos ou em crenças elas não vão penetrar
Nem lebre, nem beleza, mas plena exclusão
Marco minha distância com sonora distorção
E quanto às minhas portas vis,
Me puseram na agulha, mas eu votei pela culatra.
(Dedicado a Henry Chinaski)
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11. |
Letra de Música
03:42
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L E T R A D E M Ú S I C A
(Letra: Bernardo Canto)
Ela não consegue mais
Amá-lo ou deixá-lo pra trás
E triste é que agora tanto faz
Porque ela nem se importa mais
E finalmente está em paz,
Indiferente e nada mais.
Ele nunca esteve lá,
Um dos maus-tratos piores que há.
Irônico é que ele foi incapaz
De dar valor ao que importava mais.
E atualmente é tarde demais,
Parabéns e até mais.
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12. |
Assassino da Mobília
04:25
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A S S A S S I N O D A M O B Í L I A
(Letra: Rodrigo Fróes)
Se você se vê livre de mim, meu bem, tenha cuidado:
Um pensamento tão certo só pode estar equivocado.
Não verá mais por perto vestígios dos meus gostos e pelos,
Ou sequer sentimento de falta, mesmo que asfixiado.
Mas terá prego e madeira imobilizando os momentos,
Retratos que não dormem com o prazer de ver seus autores.
Discussões já vistas encortinando os aposentos,
Todos os desfechos que nunca desbotaram suas cores.
Cada móvel me será tanto cúmplice quanto testemunha,
Subornados pela ausência e livres de toda e qualquer culpa.
O chão liso e despido encobre por si só os rompantes
De perversões que se armam em paredes, decoradas bem antes.
E o estalo das línguas comungará com o assoalho,
No andar em fuga do vento a furtar as janelas.
E um Fim irado e lacrimoso será corpo estirado,
Sepultado antes pelo meu ranço que por nossas mazelas.
Abraços e amarras,
Tendões e tábuas,
Rancores e quinas,
Assassino da mobília.
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13. |
Decifra-me ou Devora-te
04:16
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D E C I F R A – M E O U D E V O R A – T E
(Letra: Bernardo Canto)
Você pode ler as mentiras em minhas retinas?
Ora, venha logo reconhecer-se em minhas pupilas!
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14. |
Poetas Malditos Etc.
05:32
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P O E T A S M A L D I T O S E T C.
(Letra: Rodrigo Fróes)
Você posa de poeta maldito,
Está mais pr’uma criança chorando no banheiro,
Escondida para não ser ouvida.
Você pensa que é Charles Bukowski,
Mas está só se afogando no penúltimo copo.
O plágio burguês do fundo do poço.
O que procura e não parece achar,
O luxo de quem não vai crescer
Nasce em desistir de andar para frente e se debater
E você dança por espernear,
Implorando por aplausos que são só espuma
Do lodo podre e rico em que você quis chafurdar.
De rasgar seda pra quem vê de cima,
Encarou o sol nos olhos e acabou cego.
O bajulador enfim parasita.
Você rosna, consciente e engajado.
Só achou a sua forma de morrer pela boca:
Panfletando para todos os lados.
Não é difícil diagnosticar uma artéria entupida com entulho vivo
De pessoas, livros, ossos preguiçosos na digestão.
Mas no fundo a saúde vai bem:
Não há falência de órgãos se só tiraram férias,
Ou se um tanto burocráticos insistem em sua função.
E se não compreende o porquê de eu dizer assim
Ou quais são os motivos para eu estar aqui,
Leia os meus versos e tente reconhecer
Em qual dessas trincheiras tive o prazer de cair.
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tijolodevera Niterói, Brazil
Banda fundada em Niterói (RJ) em 2005 com o desejo por uma mescla entre a música autoral, a poesia, o humor nonsense e o cinema. Influências do punk ao Scorcese, de Oswald de Andrade a Monty Python, do surf ao tantra.
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